Breath of Fire IV - Capcom e seus RPG's
Jogos de RPG de turnos temos aos montes, principalmente nas gerações mais antigas. O que Breath of Fire IV tem de especial e marcante?
CAPCOM é, indiscutivelmente, uma grande desenvolvedora de jogos. Ela não chegou, subitamente, fazendo sucesso com
remakes tais como Resident Evil 2 e 3, um ótimo jogo como Devil May Cry 5 e Monster Hunter World assim no mercado do nada. Capcom, apesar de já ter cometido muitos erros, é uma empresa antiga no mundo dos jogos da qual conseguiu criar grandes títulos. Breath of Fire IV foi um deles.
Breath of Fire IV é um jogo de J-RPG que foi lançado originalmente para o PS1. Ficou na lista dos jogos queridinhos da galera na época, bem juntinho de grandes títulos como Final Fantasy.
Existem vários motivos para o jogo ter sido muito bem recebido e também por ter sua fama ao redor do mundo. Antes de entrar diretamente nos fatos sobre o porquê do game ter sido e ainda ser uma obra de arte, vamos, desta vez, saber com o que estamos lidando.
História bem construída
Com uma linda abertura ao clássico estilo anime, o jogo nos dá noção do que veremos neste mundo. Dragões, magia, dragões, animais antropomórficos, dragões, aventuras e… já falei dragões?
Você entendeu. Se curte dragões e RPG, bem, você achou a mistura perfeita!
Ao iniciar o jogo, Capcom já queria mostrar que não estava para brincadeira. Com uma bela direção de cena, uma perseguição no deserto, envolvendo um dragão e duas pessoas, nos dá um sentimento de agitação e incertezas. No fim, acabamos tendo problemas com nosso veículo que foi danificado pela criatura e precisamos sair por aí com uma menininha de asas rosas chamada Nina.
O jogo de fato começa quando tomamos o controle de Ryu, personagem principal do game. Ryu possui a capacidade de se transformar em dragão, ele só não tem ciência ainda deste poder e muito nos é ensinado durante todo o decorrer do jogo.
No mundo em que estamos, visitaremos florestas, cavernas, desertos e conheceremos as mais variadas culturas e pessoas existentes. Visitando e conhecendo, tentamos entender o que se passa num mundo onde deuses tomam conta de todos e que a volta de um imperador é, aparentemente, inevitável.
Ryu e toda a sua trupe vão entendendo a origem dos dragões, seu motivo de existência com os seres e o mundo, assim como porque estão lutando e aonde querem chegar. Alguns pequenos conflitos existem na
party; alguns entram forçadamente, outros decidem ajudar, pois, enxergam algo diferente em Ryu, etc.
Apesar de existirem constantes batalhas de dois lados no jogo, sendo o Império Fou contra os Reinos do Leste, tudo gira em torno de Fou-Lu, antagonista do game, que após ter tido uma invocação incompleta, procura a segunda parte dele que, adivinhem quem é? Nosso querido jovem icônico de cabelo azul.
Desafios não faltarão para todo o grupo, já que temos um império louco à solta por aí que pensa saber o que é bom para todos, assim também como monstros perigosos que habitam no mundo e que, como todo bom e velho RPG, devem ser derrotados para que prossigamos na história.
Por fim, no final do jogo, nos vemos cercados por algumas dúvidas, aliás, grande parte do game sempre levará o jogador a pensar; afinal, o que estamos buscando? Onde estamos indo? Mas, tudo isto, com um ótimo desenvolvimento na narrativa e belíssimos cenários, darão gosto de querer compreender cada vez mais este mundo.
O que há de marcante no game?
Gráficos
Como ele envelheceu bem! Os gráficos estão longe de serem datados, todo o level design tem harmonia. O movimento da câmera, fazendo o jogo ser bi dimensional é sensacional; dá boa visão de liberdade e sortimento na exploração, assim como aproveitamento dos mapas. Sem contar toda arte que é única.
Roteiro
A história, infelizmente, perde um pouco o rumo no final do jogo, parece que a Capcom precisou
rushar a produção do game e, infelizmente, sentimos que ele vai ficando incompleto com o tempo. Isto em si não é um problema, o jogo ainda consegue ter uma conclusão boa, digo, QUASE boa.
Yuna. Mas o que queremos saber aqui, como sempre, é a narrativa. A narrativa é ótima num contexto geral, apenas o enredo não cooperou muito com ela, mas junto com bons gráficos e uma história bem interessante e icônica, a narrativa se sobressai muito bem.
Não pense que o mundo de Breath of Fire IV é repleto de purpurina e magia. Longe disto. Certas cenas foram censuradas na versão americana por haver até decapitação. O jogo mexe com temas pesados. Inclusive com tortura e morte de criancinhas. Também existem várias piadas e cenas com segundas intenções, mas é fichinha pelo o que já falei aqui.
Capcom conseguiu balancear bem as cenas e mexer com vários temas dentro da história. O enredo, às vezes, chega a arrepiar ou no mínimo deixar você extremamente ansioso sobre o que está acontecendo.
Animação
Dá para falar de Breath of Fire IV sem comentar sobre suas belíssimas animações? Além da beleza de cada sprite e gráfico - tanto em batalha quanto fora dela - você verá que não só os personagens do grupo foram caprichados, mas todos os inimigos também. Todos, sem excessão, tem lindas animações, por mais simples que sejam, desde pequenos slimes até imensos dragões. E todas as animações foram muito bem trabalhadas. Isto deu grande vida para o jogo.
Composição musical
Sobre o aspecto musical: sem palavras. Está para nascer uma trilha sonora tão linda e harmônica como esta. Yoshino Aoki, compositor do game, está de parabéns por ter criado músicas e sons tão memoráveis como as deste game. Juntando a música com a narrativa e os gráficos, PIMBA! Capcom acertou em cheio!
Estratégia em batalhas
Sendo um RPG de turnos, a dificuldade do jogo está no ponto, diria que passou apenas um pouquinho, já que você precisa ser bem estratégico e saber o que fazer nas batalhas, especialmente contra chefões, que podem acabar com toda a sua equipe ou durar uma eternidade, caso não esteja preparado.
Exploração
O nível da exploração está excelente. Sair da linearidade da história é fácil demais. Você aprenderá que existem grandes tesouros e lugares esperando por você da qual estão fora do trajeto principal na história. Isto é ótimo. Um RPG deve dar boa liberdade aos jogadores, principalmente no que se diz respeito à exploração. Temos também tempo de sobrar para nos aconchegarmos e fazer tudo com muita calma, já que, normalmente, este game tem mais de trinta e cinco horas de gameplay.
Outra perspectiva
Não vamos esquecer de outro elemento que faz este jogo ser bem icônico também. Podemos controlar o antagonista e vivenciar sua história no decorrer do jogo. Isso mesmo, teremos duas perspectivas. E isto foi muito bem construído, pois conseguimos nos conectar com a narrativa de cada uma das partes muito bem, já que todo enredo coopera para eventos memoráveis e agradáveis por conta da direção de cena, diálogos e história.
Estratégia
A variedade de estratégias em Breath of Fire IV podem até irritar pela sua quantidade. Assim como em Breath of Fire III, você pode combinar várias transformações de dragões e ver qual se sobressairá para cada situação. Desta vez, o jogo conta com outro sistema que não havia existido antes na franquia: combo. Toda vez que algum personagem usa alguma habilidade, dependendo da skill do aliado que virá a seguir, você poderá executar um combo da qual aumentará o dano, cura ou até buffs. Isto é incrivel e abre várias portas para amantes de estratégias e exploradores de grandes possibilidades para tirar vantagem nas horas de necessidade.
Mestres
O sistema de aprendizagem com mestres foi introduzido primeiramente em Breath of Fire III, mas ele está de volta com todo o seu charme. Este sistema agrega muito no game, pois, o jogador não fica preso a somente um caminho na evolução de seus personagens. Se quiser fazer com que Ryu foque mais em magia, tendo mais AP e mais Inteligência para dano mágico, você pode ter um mestre que aprofunde neste atributos; assim, cada level que você conseguir enquanto estiver debaixo do ensinamento do seu mestre, você irá ganhar mais atributos em certas áreas, porém, deixará de ganhar em outras. Muitas vezes, vale muito a pena. Este sistema também ajuda para que, toda vez que você for re-jogar Breath of Fire IV, tenha novas experiências em batalha com mestres diferentes.
Vilarejo das fadas
Como esquecer de um dos sistemas mais icônicos da série Breath of Fire? Organizando fadas e dando tarefas para cada uma, você as ajudará a aumentar a população de fadas, criar lojas, INN's, etc. Este sistema é ótimo e você poderá perder muito tempo aqui, já que é gratificante ajudá-las. Quanto mais você ajuda, mais rápido elas conseguem avançar a construção do vilarejo, logo, mais rápido você conseguirá armas melhores e itens; alguns, inclusive, só elas que vendem.
Skills únicas
O sistema de obtenção de skills dos monstros também volta com força total. Assim como em Breath of Fire III, aqui também poderemos aprender habilidades únicas de certos monstros, o que faz o jogador ter ainda mais interesse de batalhar com cada inimigo para saber se pode conseguir ou não uma determinada habilidade. Este sistema vem um tanto melhorado, já que agora você não precisa ficar à mercê dos inimigos. Em Breath of Fire III, você precisa usar um comando de observar, que lhe deixa totalmente aberto a danos de inimigos, porém, em Breath of Fire IV, basta apenas você se defender e já está valendo para conseguir aprender a skill. Além de mais prático, ficou mais seguro.
Diversidade
Cada personagem é importante, tanto em batalha quanto fora dela. Existem personagem mais resistentes, outros mais propensos a serem melhores healers e buffers, assim também como os mais danosos e acertivos em seus ataques. Com o molde em cima de cada mestre, você conseguirá extrair o melhor de cada figura do seu grupo nas lutas.
Fora da batalha, você poderá empurrar rochas pesadas com Cray, cortar arbustos ou até arrancar dinheiro das pessoas com Ryu e até conseguir melhor visão de campo ao voar com Nina.
Puzzles e mini games
Os puzzles do jogo são tranquilos de passar (achei mais complicado alguns mini games), muitas vezes, basta apenas olhar ao redor; a área, estruturas, luzes e objetos já lhe dizem o que fazer, apenas ser um grande observador vai fazer você passar por qualquer quebra-cabeça.
Quanto a mini games. Breath of Fire IV está cheio deles, desde simplesmente cavar até empilhar várias caixas em um sandflier. Eles não são tão enjoados de se fazer como em outros RPG’s. São sólidos e cada um é bem único. E, claro, não podemos deixar de falar sobre a maravilhosa pesca, que desde o terceiro game da franquia, vem divertindo muitos pescadores-amadores de plantão. A pesca é outro sistema da qual podemos passar tanto tempo praticando e farmando quanto o sistema do vilarejo das fadas. O sistema de pesca no terceiro jogo parece ser mais recompensador, já que conseguimos diversos itens; e em Breath of Fire IV, aparentemente, pescamos mais para dinheiro extra.
Breath of Fire IV tem toda a praxe de um J-RPG. Executa quase tudo muito bem.
Consistente, mas não é perfeito
Fica difícil de acreditar que, um game com tantas qualidades possa ter algum defeito, não é? Nem tudo na vida é perfeito, Breath of Fire IV não seria diferente. O game contém alguns erros que acabam sendo grosseiros, como o não-aprofundamento na história, envolvimento de mais dragões, e mais desenvolvimento de personagens do grupo; sem contar cenas censuradas na versão americana do jogo.
Lembram do que disse sobre uma boa conclusão e sobre o jogo se apressar demais quanto mais caminhamos para o fim? Isto aconteceu devido a prazos de entrega na época. Capcom não conseguiu fechar algumas histórias ali e aqui, por isso o jogo acabou como se não tivesse tido uma perfeita conclusão com tudo o que passamos; diferentemente de Breath of Fire III, que do início ao fim temos uma narrativa concreta e uma conclusão com excelência, já que o jogo respirou e andou conforme o ritmo de sua construção.
Breath of Fire IV é, em geral, um RPG sólido. Por conta de seu mundo tão rico e diversificado, nossos olhos brilham com cada capítulo que passa. Não esperem nada de mais, ele faz tudo muito bem até o
late game e tem alguns sistemas diferentes e divertidos, mas não há nada de inovador e fenomenal. Mesmo assim, ele é essencial para a estante de jogos de qualquer
RPGista. A diversão e aventura é garantida do início ao fim, pode confiar.
Esta joia está, sem sombra de dúvidas, na lista como um dos melhores RPG’s de todos os tempo; seja lá de quem for a lista.
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